Um ano da partida do saudoso poeta Mamy Lopes

Nesta terça-feira (04) faz um ano da partida para o outro plano do meu amigo de infância, meu primo Mamy Lopes. Grande poeta, carnavalesco, um dos maiores defensores do Rio Piauí, Mamy Lopes nos deixou precocemente, mas deixou a sua história gravada nos corações sanjoanenses. Suas obras artísticas, em que ele transbordava seu amor por São João do Piauí, são primorosas. O grande Mamy Lopes deixou muita saudade e muita riqueza cultural.

Veja algumas das poesias de Mamy Lopes:

SAUDADES DO RIO DA MINHA INFANCIA

Muitas lembranças boas, de uma infância e de uma adolescência bem vivida às margens de um rio limpo e saudável.

Lembranças dos banhos no beco do buji e no salão que sempre nós brindávamos com seus poços fundos, lembranças das praias do beco da batedeira e do potão onde joguei muita bola, era muita animação, também pesquei de anzol, tarrafa e espontão.

Ai que saudades que da, do rio da minha infância que eu quando criança costumava nadar, ai que saudades que dá das praias que joguei que joguei bola, dos peixes que eu pescava e da água que fui pegar, ai que saudades que dá.

Rio abandonado, esgoto pra todo lado e um povo acomodado parece não se importar, lixo jogado na rua, sacola jogada no chão por falta de consciência de toda a população, o vento por sua vez só lhe dar um empurrão conduzindo esse lixo pra jogar dentro do rio que se encontra num caixão.

Eu faço uso do rio só que em outro lugar, pego minhas filhas pequenas uma loira e outra morena e vou ensinar a nadar, vou pra um lugar distante daquele que eu cresci, onde eu tive minha infância, eu não posso levar elas e também não posso ir.

É preciso imediato, consciência ambiental, começamos pelo lixo que juntamos no quintal, se jogar ele na rua só vai nos fazer o mal.

Outra coisa que acontece que eu sei que não e correto, o esgoto que cai no rio que leva nossos dejetos, se tivesse uma estação mudava a situação.

Mamy Lopes

HOMENAGEM ÀS GRANDES LAVDEIRAS DO BECO DA BATEDEIRA DO ANTIGO RIO PIAUÍ

Hoje eu queria lembrar,

De grandes mulheres guerreiras,

Que criaram e educaram seus filhos,

Lavando roupas no rio no Beco da Batedeira.

Roupa estendida no chão estava,

No cuarador era curtida no anil,

Só fala dela quem viu

O branco que ela ficou.

Trabalhavam com muito humor.

Muitas estórias de trancoso o rio testemunhou,

Bebia a água do rio,

Comia suas merendas,

Para aquelas senhoras,

O rio naquele tempo

Era fonte de renda.

Suas crianças nadavam naquelas águas correntes

E sempre bem cristalinas.

E hoje eu olho o rio

Só vejo mato por cima.

Sou uma das crianças que brincou nas tuas praias

E em tuas águas correntes,

E hoje muito sentido,

Com o coração partido,

Só posso te dizer o quanto eu lamento.

Mamy Lopes

O RIO E O HOMEM

O que o rio nos dá de graça,

Só temos que agradecer,

O peixe pra pescar, a água pra beber.

Melhora nosso clima,

Ele também faz chover,

E a chuva que cai no chão

Faz a planta crescer.

O que o homem dá ao rio,

Tenho vergonha de dizer:

Com as suas próprias mãos,

Dá esgoto e poluição,

Q eu faz a água apodrecer,

Acaba com todas as vidas

E deixa uma grande ferida,

Que não pode doer!

Mamy Lopes

O cheiro da Flor

Um dia perguntei a flor porque ela se alegra quando amanhece o dia e ela me respondeu é porque o Sol me aquece e vem me resfriar e recebo muitas visitas que só me trazem alegria, quando chega o beija-flor batendo as asas ligeiro só pra sentir meu cheiro e desejar-me um bom dia, depois vem o jardineiro com seu olhar sorrateiro respira perto de mim, também pra sentir meu cheiro e recebo muitas visitas de insetos companheiro que vem pra polinizar sai de canteiro em canteiro e que também passa por mim só pra sentir meu cheiro e quando vai caindo o dia não morre a minha alegria eu começo a me fecha para guardar o meu cheiro e exalar no outro dia pra todos os meus companheiros.

Mamy Lopes